Valorizar os trabalhadores<br>condição para o desenvolvimento
A Dominó é uma empresa situada em Condeixa-a-Nova que o PCP visitou durante as jornadas parlamentares em Abril de 2017. Fabrica e comercializa pavimentos e revestimentos cerâmicos e tem 175 trabalhadores.
A acção reivindicativa nas empresas é questão fundamental
Cerca de 70 por cento da sua produção é para exportação. Perto de um terço dos custos de produção corresponde à energia (dos quais um terço energia eléctrica, dois terços gás natural). Ficou claro, após a visita do PCP, que o custo com a mão-de-obra, e designadamente com os salários, está longe de ser um factor de constrangimento para o crescimento da empresa, comparado com os principais factores de constrangimento, que são os custos com a energia, os custos com o financiamento/acesso ao crédito e a operação de transportes e logística, no âmbito das exportações.
Ficou-se também a saber que o balanço da colaboração com o Centro Tecnológico do Vidro e da Cerâmica tinha sido francamente positivo e as perspectivas de vendas mais favoráveis ao crescimento da produção da empresa resultam mais da procura interna do que da evolução dos mercados internacionais.
Apesar de ser apresentada como caso de sucesso no sector, no passado mês de Fevereiro, perante a recusa dos patrões em se sentarem com os representantes dos trabalhadores e negociarem aumentos salariais e revisão das categorias profissionais, os trabalhadores iniciaram uma greve. No fim da manhã, perante a grande adesão à greve, a administração acedeu a receber uma delegação de dirigentes sindicais e a iniciar um processo de negociação.
Os trabalhadores decidiram manter a luta no sentido de pressionar à resolução dos seus problemas. Como é natural, o PCP lá estava, prestando solidariedade e apoio à luta dos trabalhadores.
Este exemplo comprova a importância da acção reivindicativa a partir das empresas e locais de trabalho. Comprova ainda que defender e valorizar os trabalhadores, desenvolver o aparelho produtivo industrial nacional e o mercado interno são alavancas fundamentais para o desenvolvimento económico.
O exemplo comprova ainda que os aspectos identificados como constrangimentos pelos próprios empresários só podem ser resolvidos com uma política patriótica e de esquerda que garanta o controlo público sobre sectores fundamentais, como a energia e a banca, colocando-os ao serviço do desenvolvimento do País.
Romper com imposições
A política alternativa patriótica e de esquerda que o PCP defende coloca a necessidade de romper com imposições externas para libertar recursos para defender os interesses nacionais e de apostar na valorização do trabalho e dos trabalhadores como condição de melhoria das condições de vida e de desenvolvimento económico. Só assim será possível contrariar a situação social e económica de grande fragilidade do nosso País, que decorre de anos de políticas de direita associados aos constrangimentos impostos pela União Europeia, pela dívida insustentável e pela submissão ao euro.
No entanto, verifica-se uma convergência de facto entre PS, PSD e CDS sempre que se trata de salvaguardar aspectos fundamentais da política de direita e sempre que estão em causa questões de classe.
Por tudo isto, só o reforço do PCP e da sua influência social, política e eleitoral, a intensificação da luta dos trabalhadores e do povo e a convergência dos democratas e patriotas, criarão as condições para se ir mais longe na resposta aos problemas do País, romper com a política de direita, dar corpo à alternativa e assegurar um governo capaz de a realizar.